6/24/2009

A mulher dos dezassete e das entre quatro e seis





Não te tiro da ideia, maldita hora que me contaram e que te inventei, sim porque não és mais do que os meus delírios te fizeram, odeio o teu cheiro a acetona e é com acetona que te quero matar, tirar-te o verniz e envernizar-te já morta para que deixes de me aterrorizar, de perseguir-me em sonhos a querer enforcar-me, antes que me mates, mato-te eu, já que fui eu que te criei, tenho esse direito e tu tens o direito de não existir porque não existes mesmo. Vou deixar de ter entre quatro e seis, tu vais deixar de te sentir feliz, não te sentirás feliz quando escrever a última palavra que te faz correr o sangue nas veias, sangue que quis eu ser vermelho, ainda que podia ter dito verde, vermelho, azul. Eu que te inventei tudo, as unhas, a mão, até o gajo que te batia mas não matava, ia matando, imaginei eu, sim porque não me contaram, apenas me deram as palavras do princípio necessárias para que te criasse, agora darei eu as palavras do fim, e se no princípio era a luz, agora no fim vai ser o escuro, o escuro onde ele, e os outros por trás dele e dentro dele te violam, te arrombam, porque perdeste a noção das horas e ficaste louca de desejos. Ele mata-te, tu não me matas, dou gargalhadas pela tua morte, por te imaginar morta, com as unhas da mão esquerda pintada, foi por isso que morreste, porque eu hoje esqueci-me de te imaginar a usar a acetona às dez para seis e ele chegou, violou-te, queimou-te por fora e fodeu-te por dentro. Não me matas mais, e isso é apenas o que interessa. Verniz.

Fotografia - nikosalpha

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