7/15/2009

Anjo da guarda


É sempre nesses momentos que me sinto vulnerável, coração cheio chamo-lhe, como se levasse murros e pontapés, como se me deixassem no vão das escadas por onde me lançam, cansado, exausto mas feliz. Feliz como estas amostras de morte que vou tendo com a vossa celebração de vida que me vão mostrando e dando. Dúbio, é sempre dúbia essa nossa relação de ficarmos com os vossos fantasmas, a caminhar ao nosso lado, a acordar conosco, a não nos deixar adormecer, aplica-se a célebre expressão anjos da guarda, sei que somos os vossos, sei que fui o vosso. Anjo da guarda minha companhia guarda minha alma de noite e de dia. E guardo, guardo até ao dia do feliz esquecimento, até ao dia em que recordarei apenas o sorriso, a lágrima escondida que se vê tão bem, o dia da vossa libertação e do princípio da minha, da nossa. Pinto, leio, nunca choro, marcaram-me hoje todos. Marcou-me tanto há tanto tempo, na história que viveu e me contou em tom de desabafo, escrita com sangue, sangue sofrido e cor de medo, sangue que hoje incorporo no meu próprio sangue até ao dia que vou esquecer e lembrar apenas que pinto, leio mas nunca choro, e verter a lágrima escondida que se vê tão bem e que prometi neste dia não verter.

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