Anoiteceu sobre os sonhos dela, ele ao seu lado a fumar um cigarro a olhar o Tejo por entre os vidros sujos da janela do quarto de hotel
duas estrelas? Nem uma. Onde? Nem na China.
Ela sente o fumo dele através do sonho. Mexe-se. No sonho, um homem que não era ele diz-lhe
sinto a tua falta
e ela responde-lhe, bem baixinho,
também eu.
E depois no sono, no sonho do sono, o homem a correr atrás dela, por entre o nevoeiro de sabor cigarro, ela a esconder-se e depois só a ouvir-se o sabor hortelã do riso dela, do silêncio dele, ele a aproximar-se, ela a fazer-se demorar, ele a chegar, a sentir escapar-lhe dos dedos o cetim do vestido azul, o cheiro quente do perfume no pescoço.
Vê lá se acordas, temos de ir.
0 Comentários:
Enviar um comentário