E era com ares de mártir santo que ele ia andando pelas ruas, mostrava a todos as setas, o sangue seco em pequenos salpicos desenhando-lhe no peito um mereço o céu. Um deambular ritmado como se tivesse a música dentro de si, uma música que ninguém escutava. Ele deambulava e havia quem cravasse ainda mais as setas no peito, outros havia que diziam coitado e seguiam à sua vida. Se morreu, ninguém sabe, ninguém esperou para reparar, mas dizer coitado, sempre coitado, às vezes desgraçado, todos disseram, à excepção dos que lhe tocaram nas setas para as espetar ainda mais. Et expecto resurrectionem mortuorum. Et vitam venturi saeculi.
Imagem - São Sebastião por Guido Reni (séc XVII)
1 Comentários:
Amei!
Enviar um comentário