9/24/2010

Chuva, a rua quieta, a casa quieta, as mãos quietas. Eu. Tu.



Há um certo conforto nos dias de chuva, durante e depois da chuva. O cinzento, céu, as nuvens, brancas de dia, negras à luz escura da noite. Não há estrelas. Existe apenas um ar imenso que me vai ligando ao mundo e, por justaposição, a ele a a mim. Sempre achei que os melhores dias da minha vida aconteceram em dias de chuva, saborear depois o cheiro da terra molhada e sorrir. Sorrir é como ter chuva nas palmas das mãos, é como ter os pecados lavados e depois restar uma rua inteira de chão molhado a reflectir um céu cinzento. Ter chuva na mão é como ter o coração perto da boca, perto de explodir e se juntar à canção do silêncio com a noite que me embala os sonhos. A chuva traz-me as tuas palavras em sonhos, gotas, gota a gota, e o silêncio não é mais que a força do ar que traz o teu espírito para dentro de mim, um ar húmido e quente. O meu amor, o teu amor, o amor do mundo tem cheiro de terra molhada. Choveu, já choveu, e tudo à minha volta diz que me amas. Há um certo conforto nos dias de chuva, durante e depois da chuva. Adormeço, o ar está quente, tudo está quieto, a rua, a casa, as minhas mãos, o meu coração, tudo o que soa é a sincronia de todos os corações do mundo, todas as gotas de chuva nas palmas das mãos. O mundo é uma casa grande, acolhedora quando chove. Não há ninguém na rua, e parece que toda a gente se passeia, de mãos dadas, com chuva nas mãos. A rua está molhada, não há estrelas, não vejo a lua. Tudo está na ordem correcta. Adormeço.


Fotografia - autor desconhecido

2 Comentários:

Isa GT disse...

Choveu e bem ;)
Não andei à chuva, mas soube-me bem estar em casa e ver... as gotas escorrendo pelas vidraças :)
Já estou a verbalizar demais sobre chuva lol querem ver que isto se pega? ;)

Bjos

Edgar Semedo disse...

Verbaliza o que quiseres ISA, as tuas palavras são sempre benvindas...

 
 
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