1/14/2011

Jugular




A corda começa a desaparecer como encantamento e no pescoço da mulher fica saliente o rápido pulsar do sangue. Jugular, doce jugular. A artéria que molha os pensamentos e os converte em pequenos pedaços de cores que depois se materializam em palavras, em gestos repetidos. A luz era fraca e a pouca iluminação estava toda no pescoço da mulher, no infame espectáculo da corda a desaparecer, como se a morte fugisse e mostrasse todo o encantamento do doce veneno, artéria é palavra bonita demais para a personagem. A morte não fica bem a todos, nem sempre se sai de cena em aparatoso cenário de ter uma cidade por trás repleta de luz, perdoem-me, mas ela não sai de cena assim. Mas, se até a corda desaparece do seu pescoço, se a morte se afasta dela como se dissesse

não,

não vou ser eu que vou dizer que sim. Uma palavra para resumir

Jugular,

o famoso recipiente de venenos que vêm do cérebro, da cara, do pescoço, o famoso recipiente de venenos que vêm dela, dessa sua morte em vida

que lhe fica tão mal.



2 Comentários:

Isa GT disse...

Não sei porquê... mas pensei em vampiros ;)

Bjos

Edgar Semedo disse...

Olá Isa,

e só tenho a dizer BOA! BOA! BOA! Não me tinha lembrado disso, mas era exactamente essa a imagem que queria criar. É tão bom esse teu olhar sobre as coisas.

Bjos

 
 
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