1/17/2011

O mago. As lágrimas do meu coração.



Debruçado sobre o rio estava um mago, as vestes longas e frias, os olhos escondidos por uma capa enrolada no corpo desde a cabeça e que se ia arrastando pelo chão. No rio as águas eram cristalinas, milhares de gotas de orvalho que se juntavam como se o rio não fosse mais que lágrimas derramadas e ordenadas em forma de veia que iam depois encher o coração, o coração a que chamam de mar. O mago olhava uma bola brilhante que se encontrava equidistante das margens que acompanhavam o rio, uma bola cheia de brilhos que iluminavam a noite sem estrelas, como se o céu tivesse sito coberto por um manto negro, apenas comparável ao negrume das vestes do mago. No silêncio quente da noite só o sussurro das palavras encantadas do mago em direcção à bola brilhante pendente sobre milhares de lágrimas, uma bola que percebi depois ser a lua roubada do céu, e percebi que as lágrimas presentes no rio eram as minhas próprias lágrimas, o sangue transparente do meu coração que me sai pelos olhos gelando a alma que me aquece o corpo. Na bola de brilhos, na lua roubada, molhada pelo sal das minhas lágrimas começa a surgir o teu nome, como se a magia do mágico tivesse feito daquela bola uma alegoria do que era o meu corpo, o meu corpo exposto ao mundo, molhado pelo meu sangue, tatuado com o teu nome. Depois o mago retirou o manto, tapou a bola que se tornava gigante a cada minuto, as estrelas nascerem no céu, o meu corpo tremeu pelo calor que se apoderava da minha alma. Os meus olhos ficaram sem lágrimas.



20 Comentários:

Anónimo disse...

Olá,

Que coincidência!

Estou a escrever agora um texto e há quem queira expulsar lágrimas, mas não as tem.

E está no mar, mas uma praia que já a rechaçou.

É diferente! Mas porquê maldade?

Fica Bem!

Paasch disse...

Esqueci-me da assinatura. Sorry!

Anónimo disse...

De vez em quando, secam. Embora o choro permaneça. Fez-me lembrar um poema meu, antigo, de outras feridas:

Vagueia pela floresta
olhos postos no chão.
Veste um manto de lua.
Vai pisando o coração.

Rasgam o manto os galhos
que esperam só para ver
Pedaços de lua à solta...
Cansados de tanto sofrer.

Mas rasgados, os pedaços
desfazem-se longe do corpo.
A menina,que agora nua,
jaz deitada. É corpo morto!

Ainda é escuro na floresta.
A menina acordada, tremeu!
Descobriu que o manto era a lua,
reflectida no corpo que é seu.

R.

Edgar Semedo disse...

Olá Paasch,

se o teu texto está no mar, então tem lágrimas, o mar não é mais que um grande lago de lágrimas,

o texto não tem maldade, nem o mago a tem.

Tudo de bom,

Edgar Semedo

Edgar Semedo disse...

R,

como já tinha dito o poema é muito bonito, apesar de ser de feridas espero que o sal ao menos as tenha cicatrizado.

Resta a lua, ou pelo menos o que fazer com ela.

Invejo a capacidade de escrever poemas, tenho um lema que só serei feliz no dia em que escrever um poema.

Bjo,

Edgar Semedo

Anónimo disse...

Edgar, algo me diz que esse dia está para breve. Obrigada por estas palavras e não só. Bjinho.

R.

Anónimo disse...

Olá,

Só consegui escrever um poema sobre mim. De resto é sempre de outra gente, ilusões que penso conhecer.

Cada um tem o seu tempo. Mas podes sempre tentar transformar uma obra tua num poema.

A ver como fica.
Só uma dica!

Cheers!

Paasch disse...

Ups, Paasch again. --'

Edgar Semedo disse...

Olá,

como me disseram um dia, há não muito tempo atrás, vai chegar a altura em que ouvirei a música certa e o poema irá surgir.

Tudo de bom,

Edgar Semedo

Anónimo disse...

It works for me! Music! ;)

R.

Edgar Semedo disse...

:)

Paasch disse...

Olá Edgar,

Eu sei que isto é pedir muito, mas um dia ou outro, podemos fazer um debate? É que preciso de inspiração e estou a fazer um trabalho que exige muito de mim.
Escolhes o tema, claro!

Cheers!

Edgar Semedo disse...

Olá Paasch,

o que eu me ri agora, eu não inspiro ninguém, quanto muito consigo "desinspirar".

loool,

:D

Paasch disse...

Olá, Edgar Semedo

Vou adoptar a tua analogia e centrar-me primeiro em mim e só depois nos outros, sim?

Inspiraste-me naquele dia, inspiras-me sempre.

Por isso vai começando a anotar os temas que eu fico à espera, ok?

Cheers!

Edgar Semedo disse...

Olá,

eu não sou ninguém para que sigas o que digo. Eu apenas problematizo e questiono as coisas, de mim e para mim. Só depois para os outros.

Não sei se sou bom companheiro para debates. Há quem me acuse de ser impuro, egoísta, frio e essas não são qualidades boas para debater com quem espera algo de mim.

Tudo de bom,

Edgar Semedo

Paasch disse...

Olá Edgar Semedo,

Não vou seguir o que dizes, mas inspirar-me.

Impuro somos todos, ou queres ser fruta? Egoísta somos alguns, mas queres ser rato? Frio é normal, está inverno.

Vamos continuar a dissertar todas as características negativas que tens ou seguimos para o segundo acto?

Tudo de bom,

Paasch

Edgar Semedo disse...

Olá,

a vida é feita de actos, e todos eles com personagens que a quantidade que têm de bom, também têm de mau. Aqui não é diferente.

Vou pensar no que propões, sem qualquer compromisso de nada.

Tudo de bom,

Edgar Semedo

Paasch disse...

Obrigado, não tens que reflectir sobre a tua vida toda!

Trata-se de uma conversazita aqui no teu blog um dia ou outro, não é nada demais. Com convidados teus e tudo, tive agora esta ideia.

Cheers!

Edgar Semedo disse...

Olá,

e o que é a opinião, senão uma parte de nós colocada num assunto ou outro?

lol,

Edgar Semedo

Paasch disse...

Se optas pela privacidade, sê quem não és, pensa numa personagem que gostarias de ser, se quiseres faz-te de psicopata.

lol,

Cheers!

 
 
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