1/14/2011

O quebranto (roubado)



Os meus olhos abertos, o verde metálico. O bar vazio, apenas a música a acompanhar-me o embalo do corpo. Danço, enquanto imagino dançar-te em Paris, o Paris dos brilhos e das coisas encantadas, das coisas encantadas que se sentem e ressentem depois pela vida toda. A minha solidão a acompanhar-me. A tua falta já se tornou obrigatória nas noites em que a lua alta me lembra que o meu coração bate mais rápido, como se temesse a morte que chega sempre nessas noites afastando a vida sem penas ou receios. Na noite encontro as estrelas que olho como se te tocasse nos olhos, como se te beijasse os olhos e as pestanas todas, olho como se te lambesse o peito cheio de lírios, orquídeas e girassóis, olho como se dissesse rezas intermináveis para romper o quebranto que me faz doer o corpo, por me doer a alma, por me fazeres doer. Os meus olhos abertos, o verde metálico. Os meus olhos abertos que não fecho com medo de me atormentares os sonhos.



29 Comentários:

Olga disse...

Lindo! :)*

Edgar Semedo disse...

:) Merci, e muitas saudades.

Paasch disse...

Boa Noite,

o teu blog é muito interessante. A meio de Janeiro e já escreveste 12 posts.

Como é que consegues ter tanta criatividade?

Avé, campeão!

Edgar Semedo disse...

Olá Paasch campeão,

não acho o blogue assim tão interessante, quanto à criatividade basta olhar os mundos e ela surge.

Tudo de bom,

Edgar Semedo

Paasch disse...

Boa Noite,

todo o mundo observa, a novidade cumpre sempre a sua função: mas existem poucos que têm uma criatividade tão rica como a tua.

pá, aos teus olhos até pode nem ser muito interessante admito (e isso até é óptimo, assim não ficas à sombra do teu dom),

mas bolas está BRUTAL! E o que interessa são os olhos dos outros, não achas?

Parabéns e tudo de bom! =O

Edgar Semedo disse...

Olá, outra vez, Paasch,

todos observamos, é certo, o que não quer dizer que todos consigamos ver; a minha criatividade, como lhe chamas, talvez advenha do dom inato que tenho de ver as coisas.

Mas, honestamente, interessa-me mais a ideia que tenho de mim próprio, os meus olhos portanto, do que a ideia que os outros têm de mim, deve ser problema do signo.

Tudo de bom,

Edgar Semedo

Paasch disse...

Olá olá!

Porquê problema? Acho isso super cool! Adoraria também ser assim. Sou um bocado convencido e inseguro! LOL é demais não é adjectivos antónimos? Mas as opiniões exteriores afectam-me mais do que devia, ahahah!

Tudo de bom!

Edgar Semedo disse...

Olá,

então tens um hiper-superego, tens uma vantagem sobre os demais: Existe pouca probabilidade de te tornares um psicopata :)

Tudo de bom,

Edgar Semedo

Paasch disse...

Olá outra vez,

Que é isso de hiper-superego? Ahahah, não psicopata não sou. Tenho muita sorte em muita coisa, e os outros azares contornam-se.

Tudo de bom!

Edgar Semedo disse...

Oi,

se a opinião dos outros conta assim tanto para ti, deves ter uma preocupação excessiva em responder de forma socialmente aceite, a esse conjunto de regras e valores que fazem a ponte entre o inconsciente - desejo quase animalesco com espírito de sobrevivência à mistura - e o perfeitamente consciente dá-se o nome de superego. Por aquilo que disseste pareceu-me teres um hiper-superego. :D

Tudo de bom,

Edgar Semedo

Paasch disse...

Oi,

Olha não percebi lá muito bem. Então o que queres dizer é que os psicopatas não têm em conta as regras impostas pela sociedade? E preocupação excessiva significa o adicional hiper. E como estou no extremo oposto é dificil passar po outro que é psicopata?

Tudo de bom!

Edgar Semedo disse...

Olá,

sim, se o psicopata tivesse um superego bem formado, o instinto selvagem que todos temos - no inconsciente - não passaria aquela barreira e não se tornaria num desejo consciente que eles colocam em prática. Sim, considero que seria bastante difícil a passagem para o outro extremo, isso em situações ditas normais.
Mas o comportamento humano, apesar de previsível, está condicionado às situações e variáveis de vária ordem onde ocorre.

Não estás totalmente safo, mas lá perto.

:D

Edgar Semedo

Paasch disse...

olá olá,

verdade verdade, estou agora a seguir a linha do teu pensamento. Importante sempre os limites que impomos a nós próprios e à sociedade que nos rodeia.

mas tens razão tendo em conta uma panóplia significativa de situações que poderão acrescentar ou diminuir capacidades que à partida pensávamos ser intrínsecas em nós.

há que ter juízo na testa, ainda que não tenhamos o domínio absoluto no nosso corpo. Ele supera a mente muitas vezes em situações extremas. O que importa é vermos os sinais de um caminho fácil mas não etéreo.

Tudo de bom, mas sabes é a constante dúvida entre arriscarmos a nossa vida por outra que poderá ou não ser melhor. É sempre difícil.

Edgar Semedo disse...

Olá,

tu é que falaste em "dependência do olhar do outro". Ahahahaha, não eu.

Não acredito muito em limites impostos por nós próprios, porque em grande escala somos educados para viver em sociedade, e, assim sendo, até a nossa linha de pensamento e quadro valorativo parte de premissas a que esta nos obriga. Só o inconsciente é genuíno, daí o meu fascínio pelos "pscicopatas", não quero com isso dizer que concorde com as suas acções.

Arriscar é uma palavra formada a partir de Risco, isso responde a muita coisa.

Tudo de bom,

Edgar Semedo "el, psicopata" :D

Paasch disse...

Olá olá,

Isso é uma contradição, o teu fascínio por ele a par da discordância das próprias acções. Limites são circunstâncias, talvez os limites sejam mais inconscientes do que esteja a pensar, quiçá.

E concordas então que isso aproxima-se da teoria de que estamos tão condicionados pela circunstâncias, que acabamos por ser levados pelo vento como que comandados pelo destino?

Ou será que isto roça já um exagero quase utópico?

Tudo de bom!

Edgar Semedo disse...

Olá,

tenta perceber o reverso da medalha, o inconsciente basicamente é composto por pulsões sexuais, instinto de sobrevivência e, menos documentado, desejo de matar; o que restaria do mundo se a estrutura psíquica que faz a mediação entre o consciente e o inconsciente não existisse?

Na minha interpretação da teoria psicanalítica, nós fazemos as nossas próprias escolhas dentro do quadro normativo que nos é imposto, mas a nossa própria interpretação e até concretização das regras origina respostas diversas às situações,

por exemplo,

"O Dilema de Henrique

Numa cidade da Europa, uma mulher estava a morrer de cancro. Um medicamento descoberto recentemente por uma farmacêutico dessa cidade podia salvar-lhe a vida. A descoberta desse medicamento tinha custado muito dinheiro ao farmacêutico, que agora pedia dez vezes mais por uma pequena porção desse remédio. Henrique (Heinz), o marido da mulher que estava a morrer, foi ter com as pessoas suas conhecidas para lhe emprestarem dinheiro e, assim, poder comprar o medicamento.Apenas conseguiu juntar metade do dinheiro pedido pelo farmacêutico . Foi, ter, então, com ele, contou-lhe que a sua mulher estava a morrer e pediu-lhe para lhe vender o medicamento mais barato. O farmacêutico respondeu que não, que tinha descoberto o medicamento e que queria ganhar o dinheiro com a sua descoberta. O Henrique, que tinha feito tudo ao seu alcance para comprar o medicamento, ficou desesperado e estava a pensar assaltar a farmácia e roubar o medicamento para a sua mulher,

deve ou não Henrique roubar a farmácia?"

A resposta vai sempre ser influenciada pelas regras e/ou valores que interiorizamos como correctos,

* roubar é errado.
* a vida é mais importante.

É claro que o que dizes roça o limite da teoria, não somos condicionados numa relação de previsibilidade, mas que iremos agir dentro de certos padrões, isso sim.

Não sei se fui claro.

Paasch disse...

Olá,

Olha gostei muito do teu comentário. Fiquei tímido porque nem por momentos pensei em impulsos sexuais.

Às vezes torna-se assustador, sabes, as notícias. Aquilo são tudo extremos, pessoas a matar pessoas, agora estava a pensar num caso específico mas não o divulgo, por ti e pelo blog. Mas até lá tem que ocorrer uma variedade de situações, parecendo-se até com bifurcações. Relembro-te daqueles livros giros, não sei se conheces, éstilo labirintos com perícia, força e sorte. Lançávamos os dados, e escolhíamos o caminho.

Já viste, o assassino ou o assassinado (logo a falar de mortes XD LOL!)... muitas vezes pode não ter consciência de que está a escolher a famosa bifurcação que leva ao caos que é a morte em vida.

E se eles não sabem, como saber se eu próprio por exemplo estarei também na dita cuja? Óbvio, estou a levar isto ao extremo Morte, Vida... mas agora substitui morte por um desígnio contrário ao pretendido.

Foste claro sim! Articulado e simples. Obrigado!

Tudo de bom! :D

Edgar Semedo disse...

Olá,

parece-me a mim que quem comente tais desígnios, e a possuir uma estrutura psíquica formada sem superego capaz de desempenhar a sua função correctamente só pretende a satisfação imediata dos seus desejos,

pensa,

que quando estás "bêbado" o superego não tem tanta consistência como em situações em que estás sóbrio, sendo mais fácil a realização imediata de certos desejos, tudo devido a pulsões inconscientes.

:D

Paasch disse...

Olha,

agora é que não estou mesmo a perceber patavina! Nunca estive bêbado, vá lá facilita. Estavas a ir tão bem com exemplos de biberão.

:D

Edgar Semedo disse...

Ahahahaha, (pensei num comentário, mas não o vou fazer), :D

Já discutimos que o superego funciona com a *censura* do inconsciente, fazendo com que as pulsões inconscientes sejam satisfeitas, as possíveis, dentro dos limites do socialmente aceitável,

mas,

o álcool tem um efeito qualquer, não sei os nomes técnicos, sobre o cérebro que torna a linha entre o inconsciente e o consciente mais ténue, sendo que, algumas vezes, o álcool pode desencadear uma necessidade trementa de satisfação dos desígnios inconscientes, geralmente de cariz sexual. Mas por exemplo, sendo tu tão dependente do olhar alheio, e caso o teu superego siga essa tendência, não irias ter muitos problemas.

Expliquei à biberão?

:D

Paasch disse...

Nem quero pensar no comentário cogitado.

Não poderia antes funcionar ao contrário, com superego tão super super, com o álcool explodia tudo e a casa também! (LOL), como que despertar de múltiplos inconscientes tão reprimidos?

Olha, não vou tentar fazer isto em casa...

:D

Edgar Semedo disse...

Pois,

boa pergunta! Um superego forte é quase tão problemático como um mal formado,

embora não tão trágico para os outros.

Paasch disse...

Problemático em que medida?

Edgar Semedo disse...

Porque a satisfação dos desejos inconsciente fica sempre condicionada a fortes regras sociais e ao desejo enorme de responder de forma aceite. Depois, das duas uma

*repressão de desejos;

*isolamento.

Estamos a falar em termos globais, tudo é maior que isso e não se poderá efectuar ilações a partir das brincadeiras que estamos a ter aqui.

:)

Paasch disse...

Oh, bem sei!

A única ilação que me vigila é que sei menos a cada dia. Um dia passa e sei sempre menos. Às vezes opinamos, damos uns toques como quem não quer a coisa, divergimos de um assunto para outro, e a verdade é que só nos apercebemos que sabemos pouco, aliás menos que o pouco que já sabíamos.

Todavia, sempre adorei debates. E uma teoria ou outra pode servir-nos de inspiração para criar universos novos. A realidade já nem interfiro com as minhas dúvidas, é ter juizo na testa.

O debate agora é uma das minhas brincadeiras favoritas, deambular por palavras que nos levam a sítios, meandros mais parecidos com rotundas do tempo.

E andamos sempre às voltas na famosa rotunda!

Confessa lá: é divertido, não achas?

Edgar Semedo disse...

Olá,

é tão importante aquilo que se sabe como aquilo que não se sabe,

e,

sim,

também acho os debates divertidos.

Edgar Semedo

Paasch disse...

Olá olá,

Fizeste-me agora lembrar um concurso de criatividade. Os júris estão sempre a referir que é tão importante o que se coloca na peça como o que não se coloca.

Espero que estejas a ter um óptimo domingo, tudo de bom.

Isa GT disse...

Já tinha passado por aqui, mas só hoje, faz sentido o que vou dizer: Acho que estou a precisar de me roubem... o quebranto de domingo à noite ;)

Bjos

Edgar Semedo disse...

Olá Isa,

estou a precisar que me roubem o mesmo,

nem quero acreditar que amanhã é o meu dia odiado.

Boa semana,

Bjo

 
 
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