deitava-se na cama e ouvia as canções todas, não saltava um segundo. um ritual diria quem visse, ou ouvisse. ganhou o ódio da vizinha de curvas largas que morava no terceiro, dois andares abaixo do dele. o hábito começara em criança, depois foi aprimorando o ritual, um quarto de canções totalmente branco e repleto de flores em vaso, de cheiros e uma bola de brilhos oitenta centímetros acima da cama feita de lençóis pretos. todos os dias, uma ou duas horas, mais coisa, menos coisa. depois da adolescência começou a masturbar-se naqueles momentos, todos os dias. era acrescentar mais prazer à música e depois relaxava como se o mundo o abraçasse naquele amontoado de frases e versos que dão corpo às músicas vestidas de sons e vozes. no fim daqueles momentos, olhava-se nu na bola de espelhos e tudo o que via era um corpo tatuado de versos e frases e brilhos e sons e vozes, como sempre imaginara que fora, como sempre imaginara que era.
7/26/2011
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