3/28/2009

Grito












adormeces e eu a teu lado a segurar-te a mão, como que a segurar-te a vida, a vida que tens medo que se vá, a vida que eu tenho medo que se vá, a vida que ainda respira em ti por entre moléculas fortes de ácidos gordos e magros que engoliste para assustar a própria morte. Morte. Seguro-te a mão a proteger-te da morte, seguro-te a mão a contornar as moléculas de ácidos gordos ou magros, seguro-te a mão e digo-te estamos quase a chegar quando efectivamente estamos quase a chegar e tu gritas. Gritas que não queres morrer, gritas pelo socorro e pelos monstros dos ácidos que se fizeram amigos e te tentaram, gritas só pelo simples facto de teres dor e doi-me, doi-me muito quando te seguro a mão e tu não me apertas forte, quando a leveza da tua vida não faz frente ao peso da morte e eu impávido, nenhum sinal de medo ou dor, mas tenho tudo porque neste instante ainda te tenho e no restante posso não ter. Imagino, imaginação fértil a minha, infelizmente imagino, imagino flores mortas, sinto fumo de mirra, os amigos coitada, sempre coitada, e eu a querer gritar e o grito a não sair. Libertas-me a mão, dizes qualquer coisa que soa como coisa nenhuma e eu penso ser está tudo bem, e então, aqui nesse então choro, choro muito.

1 Comentários:

Anónimo disse...

Seguro a tua mão... e eu a querer ser a tua mão e a querer ser a tua escrita, mas fico assim impávida simplesmente a ler...pois não sou a tua mão nem conseguia segurar assim.
Elen

 
 
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