7/04/2010

Os meus pés inventados


Cobri a planta dos meus pés de veludo vermelho, reguei as minhas unhas de purpurinas douradas. A estrada de tijolos prateados e o castelo cada vez mais


longe
    longe
        longe
             longe
                  longe
                       longe
                           não tão longe
                                não tão longe
                                    cada vez mais perto
                                         cada vez mais perto
                                              aqui.


Por trás do castelo uma lua do tamanho do mundo. Nuvens a passearem pela frente e por trás da lua como que a dizer que o tempo não pára mesmo nos mundos encantados, principalmente neles. Chegou então um elefante encantado que deitava bolhas de sabão e em cada bolha uma palavra. O elefante falou-me do homem que vendia perfumes que ponham apaixonados os animais e que mascava pastilha com um ranger estridente dos dentes. O elefante contou-me, ainda, a história de amor pela mulher que amola tesouras e da rainha que não saía do castelo e do príncipe que foi à guerra e que voltou de lá a pedir desculpas à terra. Sussurrou-me que por cada pessoa que morria acendia-se uma estrela nas paredes do castelo e lá dentro havia um pequeno ratinho que escrevia em papel dourado com grandes letras capitulares todos os pensamentos dessa pessoa em forma de estrela. Eu ao anoitecer, voltei para casa, caminhei nos meus pés com sola de veludo, iluminada pelas estrelas da parede do castelo. Tenho saudades das bolhas do elefante.

2 Comentários:

Edgar Semedo disse...

Por lapso não indiquei, o desenho fantástico pertence a colorfieldsandwagonwheels.

E.

Isa GT disse...

E eu, há dois dias, matei saudades de andar com os meus pés na areia e na espuma do mar, sem solas de veludo ;)

Bjos

 
 
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