10/18/2010

Fantasmas


Era noite. Na igreja os sinos soavam como que a embalar os corações ausentes. Tudo era escuro à minha volta, o vento corria por entre as folhas da árvore que agora era a minha casa; tu o meu refúgio. Existias como um fantasma que se movia por dentro de mim, atravessavas-me e ao contrário de todos vias-me por dentro, conseguias navegar nesse vazio que é o meu corpo, percorrias o meu corpo todo. Sempre fomos corpo, eu e tu, no meu corpo ou no teu. Sempre existimos entre os beijos, a ternura, as mãos quietas enroladas, as línguas, o sexo. Éramos o fantasma um do outro, os fantasmas do vazio, fantasmas que conhecem a alma através do toque do corpo. Agora sou só eu, sem fantasma, sem ser fantasma, sem alma, sem ser alma, a ser só corpo; sem ti.

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