10/08/2010

Paris em todo o lado dos sonhos.



Sonhei que andávamos numa rua em Paris. A cor da copa das árvores faz-me pensar no Outono, tu estavas ao meu lado, rias alto e de tempos em tempos apertavas-me a mão, noutros tempos acenavas com a mão, apontavas as fachadas dos prédios, falavas-me dos frescos do Palácio de Versalhes, da Pirâmide do Louvre, da Notre Dame, de Montmartre. O ar estava frio e húmido, o céu cinzento. Sentámo-nos numa fonte, não me falaste, continuavas a apertar-me a mão, queria que me tivesses beijado. No meio da fonte um anjo e depois no lugar do sexo do anjo jorrava a água que alimentava o vale enorme que se tinha tornado aquela fonte. Tocaste a água com a palma da tua mão, depois tocaste com essa mão o meu rosto, arrepiei-me como se o frio me tivesse entrado no corpo, como se o gelo que a tua mão guardava tivesse derretido em mim. Queria que me tivesses beijado, mas não o fizeste. Não o fizeste naquele instante e em nenhum outro do sonho, do meu sonho que desejei não ter tido. Continuamos a deambular por Paris, tu como um fantasma e eu a teu lado a ser fantasma contigo. Gostava de ter parado no sonho e ali no meio da rua ter-te beijado o rosto, depois os lábios, demorar-me em ti enquanto durasse o sonho e depois tu saíres desse mutismo e sussurrares-me ao ouvido não acordes nunca e eu com o meu corpo a saber ao alecrim do teu fazer-te a vontade. Sonhei que estávamos em Paris, queria que me tivesses beijado mas não o fizeste.

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