12/08/2010

A ausência da tua voz. O brilho dos olhos.



O rio alargava as suas margens. A água inquieta reflectia o brilho da luz escura da noite. Ao meu lado, ninguém, nem tu. Durante muito tempo não pensei em ti, não apertei a ferida para sentir que afinal ainda estavas no meu corpo. De frente para o rio a vida pareceu-me ter mais tempo do que aquele que realmente tem, as luzes, o brilho, a brisa, tudo para me lembrar que essa vida que tenho em mim é demasiado grande para estar sozinho (como o rio que é meu, de tanto viver nele; por ele). Não te dou a mão, dei-te tudo o resto. De ti, nada, ou melhor, tudo (o pior).  Esse teu pior fez-me rir, olhar o rio, sonhar. O teu melhor não chegou, porque ele vinha sempre sem a tua voz, apenas os teus olhos de brilhos e estrelas. Nunca senti o bater do teu coração. Ias sendo a morte a meu lado, enquanto eu vivia por nós, por mim e muito por ti, por um nós que julguei muito maior que nós os dois juntos. Nunca mais pensei em ti, até hoje e continua a doer na mesma, continua a doer essa tua ausência de coração e esse brilho gigante de caber toda a minha vida no gelo dos teus olhos (que jurei odiar). Devias chorar-me (por tudo o que não disseste).








Fotografia de urbanworkbench - Brilliant Bridge on the Kootenay River

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