12/21/2010

No meu corpo nu (assim só, biologia)



Não existia a preocupação do tempo. Na rua o frio, a chuva enrolada no frio. Tu e eu. Na estrada a luz dos carros, a luz dos sonhos apressados. Eu sem sonhos. Tu sem mim. As cores, a ausência de luz e as cores a existirem assim mesmo. Os copos, o álcool, a música a embalar a rotação dos ponteiros do relógio, o tempo a lembrar-me que a vida não pára, que o mundo não pára na tristeza das coisas bonitas. O fogo que arde ao longe, sem que eu note. Sem que eu sinta, mesmo que queira. Eu, sem mim, sem ti, eu de sonhos despidos em corpo nu, quente, sem a força da chuva, sem o peso das penas do meu coração, eu sem peso. A existir (assim, só).


Fotografia - Fotograma de Bedtime with the Beatles

4 Comentários:

Contentor, o Resto disse...

Fogo! Este blog tá demais!

"chuva enrolada no frio" e "Eu, sem mim, sem ti, eu de sonhos despidos em corpo nu": muito bom.

O melhor ainda é a interacção entre as tuas palavras. Não sei explicar, até parece que têm vida num mundo não materializado.

Está brutal!

Edgar Semedo disse...

Olá "Contentor, o Resto",

obrigado pela visita. Curioso citares as sinestesias do texto, também gosto da forma como soam.

Tudo de bom,

Edgar Semedo.

Amo a escrita disse...

Vim devolver a visita e espreitar as tuas pinceladas escritas!

Adorei!
Vou voltar!
Parabéns!

Edgar Semedo disse...

Olá Amo a Escrita,

este espaço é a partir de agora também teu,

volta sempre que quiseres,

Edgar Semedo

 
 
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