Não existia a preocupação do tempo. Na rua o frio, a chuva enrolada no frio. Tu e eu. Na estrada a luz dos carros, a luz dos sonhos apressados. Eu sem sonhos. Tu sem mim. As cores, a ausência de luz e as cores a existirem assim mesmo. Os copos, o álcool, a música a embalar a rotação dos ponteiros do relógio, o tempo a lembrar-me que a vida não pára, que o mundo não pára na tristeza das coisas bonitas. O fogo que arde ao longe, sem que eu note. Sem que eu sinta, mesmo que queira. Eu, sem mim, sem ti, eu de sonhos despidos em corpo nu, quente, sem a força da chuva, sem o peso das penas do meu coração, eu sem peso. A existir (assim, só).
Fotografia - Fotograma de Bedtime with the Beatles
4 Comentários:
Fogo! Este blog tá demais!
"chuva enrolada no frio" e "Eu, sem mim, sem ti, eu de sonhos despidos em corpo nu": muito bom.
O melhor ainda é a interacção entre as tuas palavras. Não sei explicar, até parece que têm vida num mundo não materializado.
Está brutal!
Olá "Contentor, o Resto",
obrigado pela visita. Curioso citares as sinestesias do texto, também gosto da forma como soam.
Tudo de bom,
Edgar Semedo.
Vim devolver a visita e espreitar as tuas pinceladas escritas!
Adorei!
Vou voltar!
Parabéns!
Olá Amo a Escrita,
este espaço é a partir de agora também teu,
volta sempre que quiseres,
Edgar Semedo
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