2/18/2011

As palavras num mundo sem importância.



Ele andava a passos largos pela avenida, num vaivém frenético e constante. O mundo deixara de ter importância, notava-se isso no olhar e na forma de suster as mãos próximo do corpo, para ele só já importavam as casas, as ruas, os pássaros a espreitar por entre as árvores do jardim, a água das fontes, as luzes que indicam que é noite e depois todos os barulhos ao longe. Ele ia esquecendo todas as coisas enquanto na cabeça ia montando as palavras com a minúcia de quem constrói um puzzle. Quanto mais ordenava mais ferido ficava, como se cada descoberta da ordem de uma palavra fosse uma chicotada dada nas costas com a força de mil homens. Foi assim durante muito tempo, haveria ser assim, a partir de agora, durante igual tempo. Ele sabe-o, sente-o como se fosse um prenúncio que o vento lhe sussurra ao ouvido com voz de riso, porque até o vento, o rio, o mar, o céu e as estrelas existem para o lembrar que viver todos os dias cansa.

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