2/01/2011

Inventário

Inventario
(tu sonhas, ele sonha, nós sonhamos, vós sonhais, eles sonham. eu.)

O cigarro preso nas pontas dos dedos. As unhas imaculadamente arranjadas, cortadas rente. Na minha pele a idade mostrada ao mundo. Sorria, estava vento e apetecia-me chorar.
Nos meus olhos o negro contrastava com o branco das pálpebras. Eu, estava enconstado a uma parede branca de uma casa qualquer. Pensei-te, eu penso-te sempre. Pensei-te e depois desejei que as tuas mãos tocassem os meus lábios quentes, as tuas mãos que depois me haviam de arrancar os botões da camisa, tocar-me a pele escondida, desapertar-me os botões das calças, tocar-me o coração, os pelos púbicos, o sexo, a alma. Desejei que a tua boca me engolisse o corpo para começar a existir em ti, a existir contigo, a teu lado, dentro de ti. Sempre. Existir sempre em ti, sem precisar de dizer

lembra-te de mim,

não me esqueças,

o dia todo contigo. Desejei que as tuas palavras me beijassem, que a fúria calma das tuas palavras me embalasse o sono para depois sonhar contigo acordado, sonharmos os dois, no mesmo sonho, a existirmos um ao lado do outro num mundo onde todas as coisas são possíveis. Desejei que gritasses ao meu ouvido

amo-te tanto

e eu depois a sentir o teu coração a bater depressa como se dissesse também

eu amo-te tanto.

Rio-me agora. Talvez aches que cobro demais, talvez penses tanta coisa. Não cobro. Não te cobro nada. Até porque se me amasses assim, eu ia amar-te ainda mais que assim.

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