Seis da tarde. O frio gélido nas mãos como se essas pedissem um abraço. A mulher na rua, de casaco comprido, de unhas pintadas de vermelho sangue, arterial, no pescoço um lenço que permitia aquecer a pele que se encontra por cima da carne que dá forma às palavras, o casaco preto abotoado até acima escondia do mundo as formas da mulher. No olhar o cinzento gelo da cor que vê o mundo, nos lábios um vermelho salpicado de azul. A mulher imóvel, à sua volta a vida repetitiva das cidades, o candeeiro que iluminava o fim de tarde dava à mulher brilhos gritantes de alma que não pertence ao mundo dos vivos. O coração da mulher refutava-lhe a ideia de morte,
estás viva, estás viva, estás viva.
Mas a mulher sentia-se morta, ainda assim não se sentia infeliz, nem feliz, nem nada,
a morte deve ser isto(pensou).
Fotografia Haha, por Scarf Girl
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