A gaja estava deitada na cama, nua. A pele luminosa sabia a sal e ao barulho das ondas altas que beijam a lua durante a noite. Ele olhava-a pela fresta da porta que separava a luz da escuridão. No quarto era a luz, como era no princípio de todas as coisas antes da mulher e antes dele. Ele entrava no escuro procurando ler as palavras que a mulher tinha escrito nos lençóis colocados no chão aos pés da cama. Ele intercalava o olhar no chão onde jaziam mortos os lençóis com o olhar da pele da mulher que lhe fazia crescer o sexo, endurecendo-o, fazendo-lhe doer o membro e a vontade. Depois, deitou-se e engoliu o corpo na mulher na ânsia que têm muitas coisas breves. Passou-se um tempo e o homem foi rompendo o corpo da mulher como quem navega no mar, nessa bravura de conquistar as coisas inconquistáveis, as terras longínquas que parecem não pertencer a este mundo. A mulher, essa, só queria que o homem lhe tivesse dado a mão e dito qualquer coisa que ela até poderia não ter ouvido, e assim conseguir ser sua para todo o sempre. Mas ele não deu, e ele não falou.
3/31/2011
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