A cama era enorme. Tudo era cama à nossa volta, por cima o quente da música repetida vezes e vezes sem conta. O teu corpo estava a meu lado e tu estavas dentro do teu corpo como eu estava no meu. Eu pensava em ti e de tempos a tempos tocava-te a mão e dizia-te
é bom ter-te aqui
depois abraçava-te e o teu cheiro percorria todo o meu corpo, mudando a cor do meu sangue para tons mais claros e tudo voltava a ser calma nesse mar revolto que trago tanta vez no lugar dos olhos. Beijavas-me, depois agarravas-me e dizias
nunca te vou largar
e depois amavas-me, e depois fodias-me e amavas-me depois disso. Essa é uma certeza que trago comigo, talvez a coisa mais certa que tenho depois do meu coração. Calávamo-nos depois para ouvir a música que se foi tornando a nossa casa, o refúgio onde voltei vezes e vezes sem conta para te poder abraçar o riso quando não estás. Tanta vez.
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