Os lençóis só me cobriam o coração. Era como se o músculo não existisse em mim e tu foste acreditando nessa hipérbole. Era uma verdade que te convinha, tornava necessário o silêncio. Todo o resto do meu corpo visível trataste como teu, e era quando te beijava as pálpebras fechadas de sonhos e silêncios e gemidos que te dizia
o meu coração é teu e por isso não posso amar-te
e tu dizias que eu era tolo e que dizia tudo ao contrário, acreditavas que eu dizia por dentro das palavras
eu amo-te, mesmo sem coração
a verdade, é que nunca me entendeste realmente. Nem tu, nem ninguém de coração destapado que insista em ver em mim a grande hipérbole de alguém que ama, sem coração.
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