4/15/2011

O filme



Estavas de pé ao canto da rua, o teu corpo estava paralelo ao poste da luz que te iluminava de cima e fazia brilhar o teu vestido branco desenhado a lírios. O teu cabelo estava preso por uma fita de cetim verde e o teu cabelo tinha cor de largos ciprestes em flor. Esperavas-me, movendo as mãos que salientavam o 407 Channel nas tuas unhas que desenhavam sóis no ar enquanto me acenavas. Ainda sinto o quente das tuas mãos nas minhas, quando me levaste para dentro do cinema que era feito de uma plateia de cadeiras de ferro cromado. Sentaste-me. Depois, ouvi o teu cabelo solto a chicotear o ar e as tuas mãos a vendarem-me os olhos e senti o cheiro do mundo na tua fita de cetim que colocaste em mim para que não vendo o mundo te visse melhor a ti. No fim, encostaste-te a mim. O filme começou e ias traduzindo as imagens do filme mudo com as melhores palavras que encontravas, deste-lhes sons específicos e os seus significados eram só eu e tu. O filme que me contaste era uma história inventada da verdade que somos nós. Depois, beijaste-me o corpo através de uma pedra de gelo. Tocaste-me ao mesmo tempo que sussurravas a música do filme digna de Óscar, uma música inventada no brilho dos teus olhos e que terminou no exacto momento em que abraçados fizemos amor, sem fazer.


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