e o mundo vai-se tornando gigante e nós vamos deixando de caber nele, cabemos no coração um do outro, não porque o coração seja o mundo, ou tenha o tamanho do mundo, ou tenha espaços vazios infinitos numa reprodução de células incessante
os braços crescem e crescem e tocam e depois com o tempo aproximam-se apenas porque a pele, o tacto suave da pele, vai sabendo distinguir o sabor do toque mesmo que não aconteça
e a boca vai deixando de dizer palavras e é nesse instante que as coisas mais significam e é nesse tempo que mais falas e as palavras que não dizes me tocam a pele sem tocar e fazem crescer os braços e encurtar o mundo e aumentar o meu coração
e talvez seja isso que nos faz caber ao lado um do outro.