7/27/2011

a tua morte.




A casa dava para um praça gigante que dava para o mar. Dentro da casa, dois quartos e um cheiro electrizante a maresia e pétalas de rosa imaginárias. Ao fundo do quarto um rádio tocava músicas e a luz do sol brilhava no vidro das janelas povoando todas as paredes e a cama ao centro do quarto. Por cima de uma mesa dois cadernos, um preto fechado, um branco aberto, um teu, um meu. Podia ler-se numa das folhas

o céu parece ter entrado para dentro da casa e ter feito da cama o repouso do sol

depois havia uma data, e dentro da data havia beijos esquecidos e abraços e amor. Tudo isso aconteceu antes da tua morte, a casa ainda existe, mas o céu já não mora aqui, morreu como tu. Passo mais tempo na praia agora, o rádio toca mas a música deixou de se ouvir. Eu vi-te ontem, vi-te depois de morto e como todos os mortos estavas mais bonito e dentro do teu sorriso havia novas vidas, um novo céu a morar nos cantos dos teus lábios. Tu já nasceste, agora só falto eu escrever no caderno fechado

beijei outros lábios, tenho o meu coração sossegado agora.


2 Comentários:

Anónimo disse...

Tenho essa imagem (janela) guardada no meu computador. It has a special meaning. Texto maravilhoso, como sempre.

Rute

Edgar Semedo disse...

Olá Rute,

esta imagem mora aqui no blogue em dois textos. Acho que da pesquisa aleatória que faço pelas imagens ela tenta vir sempre ter até mim.

Obrigado pela visita,

Edgar Semedo

 
 
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