5/24/2008

És cega.



[...] Desfaço-me em pedaços, em retratos Em mentiras que trocámos e abraçámos Sim. Fugimos. Mas voltámos! [...]

Toranja; Segundo. Só eu sei ver.





Só eu sei e às vezes apenas parte de mim. Apanho-te os pedaços que largas, só eu sei o que me custa apanhar-te os pedaços que vais largando de forma a ficar incompleta. Tenho-te em mim, guardo-te os bocados como se organizasse as peças do tabuleiro da tua vida, tu desconstróis-te e eu construo-te para te ter assim, quase completa, a faltar o pedaço que vais espalhar por aí, hoje.
Essa
mania da perfeição, essa mania de veres como os outros, que vêem tudo o que há para ver menos tudo aquilo que não é visível, a mania que têm em apreciar os poemas pela rigidez da letra torneada da mão que o copia quando a palavra e o que se sente não se vê. És como eles, és assim como eu não queria que fosses, como eu grito para não seres quando apanho os teus pedaços que largas para que os outros não te julguem para que eles não digam que não, e eu apanho porque tal como não é na letra torneada que existe a beleza também não é nesses bocados que renuncias. A tua beleza existe no coração, tu não o vês porque ele se esconde, sabendo que não o queres ver e eu aqui tão longe vejo-o nesse bater sistémico, vê-me, vê-me, vê-me, vê-me.

Um dia devolvo-te mas só quando conseguires ver o coração, o teu.

0 Comentários:

 
 
Copyright © Palavras minhas.
Blogger Theme by BloggerThemes Design by Diovo.com