Orgasmos ao ouvido. A brisa do mar.

A lua, a noite, o tacto do tempo apagado

o teu corpo,

o branco nos teus olhos. Beijo-te nos dentes com os meus lábios quentes, a língua sem palavras enrolada com a tua língua sem perguntas ou respostas. A minha mão a correr-te o corpo, os olhos na pele, os ouvidos na pele. A palma da minha mão a aconchegar-te o sexo, a água nos teus olhos, o mar imenso, eu a beijar-te as lágrimas, as pálpebras, a testa, a língua a correr-te o corpo, o meu sexo dentro de ti e tu dentro do meu coração

o meu coração, contigo

o tempo das coisas, o tempo do sexo, das carícias, o tempo longo das coisas que acontecem sem que aconteçam realmente, da poesia das coisas que guardamos como perfumes que usamos depois para sorrir e saber que valemos a pena, sabermos que todo o tempo vale a pena. Ouvir os orgasmos no ouvido e depois ouvirmos o silêncio do vento que deitamos da boca como se por dentro fossemos mar e libertássemos o vento que vem do mar para depois descansarmos um no outro sem brisa, de corpos colados, eu dentro de ti, tu em mim, eu no teu coração, tu no meu

a noite toda.