5/09/2011

Eu sei que a morte ilumina.



A gaja abria as pernas. Sentada, abria-as e depois olhava em frente. Ele, sentado, pestanejava de tempos a tempos. Notavam-se gotas de suor. Olhava-a, mas não via. Era mais fácil assim, aliás, só podia ser assim. Cantou, ou cantou-lhe, nem sabe. Ela respondeu-lhe mastigando as palavras e ele não percebeu, por isso não se moveu. Ela levantou-se e dançou, ele não identificou o que dançava por isso cantou mais alto. As luzes apagaram-se. O escuro. O tempo parado no escuro, andando lentamente assim mesmo como se estivesse parado; e então ela diz

eu sei meu amor que nem chegaste a partir. Pois tudo em meu redor me diz que estás sempre comigo

e dançou, dançou. Ele não se moveu, mandou-lhe um beijo no escuro. E o corpo aberto dela ele viu-o melhor depois de a escuridão matar todas as imagens possíveis e o que aconteceu depois não se sabe. Estava escuro.


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