5/05/2011

O que não existe.





aperta-me a mão e descansa a meu lado, não fales, não rias, não queiras que responda às perguntas sobre as quais o meu cérebro transportou as respostas para a fronteira ténue entre o que existe e o que não existe


esse era o pensamento frequente dela quando ele abria a porta do quarto. tinham combinado dormir nús. como duas palavras numa única página que podiam contar várias histórias. dormir no mesmo espaço onde os olhos descortinavam os brilhos da noite que dançavam a par dos brilhos da pele um do outro. ele tocava-lhe o sexo na maior parte das noites, e ela sorria quando ele se debruçava no seu corpo a tentar descobrir como nascera o mundo ou a escutar os barulhos que só se ouvem no fundo do mar ou no fundo do corpo onde ela decidiu ter o coração. depois dormiam e tudo era igual quando acordavam e isso dava-lhe segurança. quando saía de casa ela olhava a janela como se continuasse a guardar o sono dele. ele quando chegava a casa olhava para ela como quem guarda as chaves dos mistérios do mundo. isso só era possível porque também ele pensava

aperta-me a mão e descansa a meu lado, não fales, não rias, não queiras que responda às perguntas sobre as quais o meu cérebro transportou as respostas para a fronteira ténue entre o que existe e o que não existe

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