e a minha vida cabe toda no frio das lajes de pedra, onde o tempo passa mas não dói. tudo acaba por ser a magia simples do cheiro a canela e a alecrim pela casa quieta no verão onde me encontro pequeno deitado no corredor a olhar o céu que se perpétua além do vidro frio do tecto. nada me diz a cidade que chama e grita e clama. nada de mim cabe nesses espaços amplos vazios de cheiros e cores e calor seco. este sítio onde o nevoeiro não esconde castelos e aventuras que acontecem no brilho cortante das trovoadas, onde o colo da minha mãe cantava e me embalava. tudo é grande agora e tudo acontece em mim como se eu fosse grande, mas dentro de mim nada difere do dia em que deitado vi o céu e soube que havia de ser sempre assim
o céu, a terra, o mundo, as pessoas. eu. o meu coração.