e ela escreveu no diário
sou só eu em todos os poros. Eu na camada da pele e por baixo da pele. Dentro de todos os órgãos o meu corpo chama-me. Como feitiço, dentro de mim há pétalas de rosas e penas das asas do que foi voando e não veio mais. Há cânticos e silêncios por toda a parte. O meu sangue é o quente vermelho de um espelho de água que reflecte as fotografias que nunca ninguém tirou. Dentro das veias corre-me fumo, a juntar ao sangue. Fumo branco que são o pensar de uma vida não gasta mas gasta. E depois há o amor todo que sinto, e o amor todo que falta sentir que me explode o peito e as mãos e os braços a clamar por outro espelho de água que me tire todas as pétalas e me torne a encher outra vez
até que eu torne a sentir-me assim,
até que eu morra.
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